Muitos escritores, depois de famosos, costumam nao autorizar novas edicoes de seus primeiros escritos, por acharem muito ruins, colegiais, etc. Navegando na internet, descobri um escritor nao so descontente com a primeira edicao de um de seus livros, como tambem implorando para que os seus leitores "queimem" a obra. Tamanha sinceridade merece ser comemorada. O livro em questao e Bonecas de Pano, de Wanderley Matias de Souza e o texto de "mea culpa" foi extraido do blog dele:
"Queria encontrar uma por uma e rasgá-las, queimá-las, reduzi-las a pó. Seria muito bom se todos aqueles que possuem uma cópia da 1ª edição fizessem isso por mim. Porém, sei que os leitores possuem certa `perversidade`, gostam de guardar o imperfeito como `curiosidade`. E sei também que muitos deles não conseguem ver o que vejo. Paciência. Minha esperança está nas mãos dos leitores desleixados, que não têm muito cuidado com seus livros, deixando-os cair num vaso sanitário, num bueiro, numa lixeira. E, assim, gradualmente, espero, a maioria dessas cópias perder-se-á".
Fonte/Imagem: Blog Sui Generis
1 comentários:
Mnemósine e seu séquito dizem que não; Que não é sinceridade, mas uma "hamartia" (o termo transliterado do grego pode não ser o mais adequado; Meu curso de grego foi muito introdutório, apenas). Hamartia pode significar erro, mau julgamento, injúria cometida por ignorância e outros aspectos relacionados. Isto porque Mnemósine é uma deusa que, com suas musas mostram exatamente a possibilidade do divino no Homem. Este, no qual o saber está adormecido, é criatura dos deuses e, por isso mesmo, guarda resquícios da origem perfeita, eterna que o criou.
A lembrança (ou desvelamento) daquilo que antes não nos aparecia é fruto da inspiração das musas e... Como ser algo hoje sem o despertar da consciência anterior? Seria possível "Eureka" de Arquimedes sem as inquietações que nela culminaram?
Quem é Wanderley Matias de Souza sem o seu passado? Ele não existiria agora sem o escritor equivocado de ontem.
Talvez a mensagem devesse ser esta: "Deixem o passado no passado porque hoje eu estou sendo outro; Melhor!"
Porém, não é preciso alertar todos aqueles que possuem uma cópia de Bonecas de Pano para que as queimem, já que apenas uma pessoa tem imortalizado, cristalizado, enfim, arrastado uma data amarelada para os dias atuais.
Assim, se o "novo" autor deixasse o "velho" autor repousar em sua época, a perversidade - que se mostra como as sombras monstruosas da noite - desaparecia sob um novo dia, revelando que os monstros de fato, não existiram tal como foram imaginados.
Tenho um grande carinho pelo passado e mesmo que ousasse, vez ou outra, querer alterar algo, teria de abrir mão do "eu" agora, uma vez que não poderia "ser" sem tudo "o que fora".
Acho que é isso.
Amitiés!
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