Com o seu primeiro salário de jornalista, a escritora Clarice Lispector comprou os seus primeiros livros. “Felicidade”, de Katherine Mansfield, foi o primeiro, seguido por “O Lobo da Estepe”, de Herman Hesse e os romances de Dostoiévski, James Joyce, Sartre e Virgínia Woof. Ela dizia que comprava os livros pelos títulos e que, ao ler “O Lobo da Estepe”, levou um “choque”. Nenhum de seus textos consegue expressar maior amor à literatura do que o conto “Felicidade Clandestina”. Nele a escritora reconstrói o momento em que, na infância, foi “torturada” por uma coleguinha que possuía o livro “As Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato, “um livro para se ficar vivendo com ele”, mas que, por pura maldade, sempre lhe dava uma desculpa para não emprestá-lo, até o dia em que a mãe da menina descobre o crime e deixa que Clarice fique com o livro o tempo que quisesse. O final traz uma daquelas frases que só a Clarice sabia escrever: “Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante”. Se estivesse viva, a escritora completaria hoje 90 anos. Parabéns, Clarice!
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
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